quarta-feira, 13 de abril de 2011

À Mulher Que Me Fez Estátua


Esse é um poeminha antigo meu...Lembrei dele não sei porque, mas queria compartilhar aqui...



À mulher que me fez Estátua

Deixe-me perguntar-te
Mulher,
Como uma coisa tão forte,
Tão bela,
Pode fazer sofrer.

Eu, estando sempre aqui,
Parado...
À espera do teu abraço,
Pesando que em um laço
Prender-te-ei ao meu peito,

Mas toda noite,
Quando a lua desce e beija-me o corpo
Ó...como dói...
Maldita luz à fazer resplandecer minha solidão.

E todo dia
A tortura de ver todos passarem,
Os mesmos rostos e bondes,
Os mesmos pombos e morcegos
Só pra ver você.

Quisera eu jamais ter nascido,
Para nunca ter viso o teu esplendor,
Pois é isto, a tua beleza
que com tanta aspereza
Me lapidou.

domingo, 3 de abril de 2011

Cântico de Humanicade


Cântico de Humanidade

Hinos aos deuses, não. 
Os homens é que merecem 
Que se lhes cante a virtude. 
Bichos que lavram no chão, 
Actuam como parecem, 
Sem um disfarce que os mude. 

Apenas se os deuses querem 
Ser homens, nós os cantemos. 
E à soga do mesmo carro, 
Com os aguilhões que nos ferem, 
Nós também lhes demonstremos 
Que são mortais e de barro. 

Miguel Torga, in 'Nihil Sibi'

*Miguel Torga,  pseudônimo de  Adolfo Correia Rocha(1907-1995)
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